domingo, 23 de março de 2008

FORMA x FUNÇÃO x ESTRUTURA

Em 2000, Zaha Hadid venceu um grande concurso na Alemanha. Trata-se do Centro de Ciência em Wolfsburg, que foi o primeiro edifício do gênero no país. Inaugurado no final de novembro de 2005, o prédio atiça a curiosidade do visitante, por seu elevado grau de complexidade e estranheza.
No edifício, cujas formas se parecem com uma nave espacial, foram usados 27.000m3 de concreto e mais de 3.500 vigas de aço, dando vida a uma fascinante megaestrutura que surge inesperadamente no centro da cidade alemã.Se trata de uma estrutura integrada ao contexto da cidade, marcado pela passagem de um curso de água e por uma via de trem. Sua presença se converte em um novo elemento da paisagem já que a intenção da projetista foi desenvolver uma função de “costura” entre as zonas da cidade.
Ele ocupa um interessante terreno, que finaliza uma seqüência de importantes centros culturais, projetados por Aalto, Scharoun e Schweger, e é, ao mesmo tempo, elemento de ligação com o Centro de Automóveis da Volkswagen. O edifício se compõe de tal modo que faz interface com o exterior por meio de múltiplas linhas que descrevem a trajetória de pedestres e veículos, induzindo o visitante a ingressar na “paisagem artificial” interna.
Dois são os principais elementos arquitetônicos que compõem a estrutura: um grande mas sutil corpo de desenvolvimento horizontal e seus apoios: umas “pernas” de concreto em forma cônica que definem o espaço da entrada principal, desenvolvendo-se a 8m do solo. Os grandes cones de concreto contribuem para a definição do espaço interior e para a configuração do exterior. Mas estas dez pernas tão particulares não se limitam ali onde começa o corpo que sustentam: continuam para cima até encontrar com a estrutura de aço do teto.
O térreo tem elevado grau de transparência e porosidade, enquanto o grande volume de exposições elevado, tem seu invólucro transformado em outdoor público com variedade de usos comerciais e culturais.
Na planta baixa se abrem amplas perspectivas, deixando à vista o contexto da cidade, entre um apoio e outro. A impressão, pelo corpo superior, é de estar quase pendurado já que a laje encontra-se tensionada horizontalmente no espaço. Na entrada, uma grande escada móvel conduz as pessoas aos pisos superiores que oferecem uma vista panorâmica da paisagem da cidade, graças às suas paredes transparentes.
O elemento que caracteriza o edifício é a irregularidade de suas formas e a articulação total percebida desde o exterior e sobretudo desde a praça que separa o edifício do tráfego da cidade. Uma irregularidade e uma complexidade que também achamos na definição interior é que não há uma clara divisão dos planos e espaços, havendo repentinas aberturas entre uma parede e outra, vácuos inesperados e desvios da perspectiva.
Uma cratera artificial que se desenvolve dentro da área de exposições permite vistas diagonais de diferentes níveis, enquanto volumes em destaque acomodam outras funções do centro de ciência. Um buraco no vidro - quase uma extensão da ponte existente - cria visões fluidas de fora para dentro e vice-versa.
Estas soluções particulares estão conectadas, sobretudo pelo modo em que têm sido aproveitados os espaços interiores nas grandes estruturas: ambientes côncavos onde estão situados também o auditório e os serviços de restauração.
“Isto acaba, de fato, com os verdadeiros protagonistas do edifício, sobretudo pelo modo em que podem ser vividos no interior e pela percepção que se tem dos mesmos desde o exterior. A construção deste edifício tem satisfeito a necessidade da cidade de Wolfsburg de conotar-se principalmente no plano arquitetônico. O novo edifício não só se converte em um ponto de referência sinuoso e dinâmico, como também estabelece uma relação direta com a cidade e com o movimento que a atravessa.”

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